sexta-feira, 19 de abril de 2013

Lombardi do Planalto' revela suas gafes

Lademir Filippin, locutor do Palácio do Planalto, durante
entrevista para a 
Folha, na sua residência

Só as paredes do Palácio do Planalto sabem bem o que os ex-presidentes João Figueiredo, Itamar Franco, Fernando Collor, Fernando Henrique, Lula e Dilma têm em comum. Não é a amplitude de acordos políticos, mas a voz grave presente nas cerimônias oficiais.
Lademir Filippin, 50, é conhecido como o "Lombardi do Planalto", em alusão à mais famosa voz oculta do país, a do locutor Luiz Lombardi Neto, o já morto alter ego sonoro de Silvio Santos.
Há quase 30 anos, Filippin faz a abertura e o encerramento dos pronunciamentos oficiais, cerimônias e eventos da Presidência da República.
Ele conta que foram poucas as gafes, como a troca do nome de um ex-presidente doBanco Central. "Por três vezes eu acertei, mas acabei falando um Francisco Grow no lugar de Gros. O presidente Collor parou a cerimônia e me mandou corrigir. Eu me senti mal, pequeno", conta.
A outra derrapada ocorreu com Fernando Henrique Cardoso, e o alvo era o então ministro Ronaldo Sardenberg. "Eu disse: com a palavra, o ministro Rolando... Em vez de brigar, o presidente deu só uma gargalhada e o ministro completou com um 'ainda bem que não me chamou de Rolando Lero'."
Ele conta um caso curioso. Após FHC ser eleito, foi apresentado ao novo presidente pelo ex-chefe Itamar Franco. Para sua surpresa, o tucano disse algo que se confirmou adiante: "Prepare-se para ficar aqui oito anos".
Nenhum deslize, porém, foi capaz de substituir por muito tempo o mais longevo mestre de cerimônias do Palácio. Na sua ausência temporária, durante parte do segundo mandato de Lula, oito profissionais passaram por lá.
O locutor lembra também de uma frase do presidente Barack Obama, durante a visita oficial do americano ao Brasil: "Ele me disse que eu tinha uma voz maravilhosa".
Filippin afirma não possuir partido político, mas garante ter votado em todos os presidentes eleitos para os quais trabalhou no período democrático, à exceção de Collor: "Acho que votei no [Leonel] Brizola", revela ele.
Collor foi seu mais rigoroso chefe. Diz que aprendeu o equivalente a 20 anos em dois anos ao lado dele. A amigos, Filippin já confidenciou que o mandatário era, apesar do gênio difícil, o preferido.
Cauteloso nos comentários a respeito dos chefes, o mestre de cerimônias diz que Itamar Franco era o mais chato e reservado; Fernando Henrique, o mais emocional, "um gentleman". Lula, o "brigão"; e Dilma, a mais exigente.
PERFECCIONISTA
Ele dá voltas para falar da presidente e passa alguns minutos em silêncio tentando encontrar definição de seu estilo: "As mulheres são mais perfeccionistas", resumiu.
Quando indagado sobre a fama de durona de Dilma, "Lombardi" até arrisca dizer que sim, mas garante nunca ter sido alvo dos já antológicos pitos da presidente.
A "voz do Planalto" cumpre um ritual cartesiano antes de cada apresentação: toma chá e bebe um copo de água morna pela manhã.
Sabe qual tom utilizar nos salões Oeste, Leste, no Salão Nobre e na sala de Audiências do Palácio, todas com acústica diferente. Foi assim na recente cerimônia de corpo presente do arquiteto Oscar Niemeyer. Ali, adotou um timbre tão dramático que o chefe do cerimonial, Renato Moska, classificou-o de "cavernoso".
A frase que mais ecoou no Planalto não foi "brasileiros e brasileiras", de Sarney, nem o "nunca antes na história deste país", de Lula; mas um gravíssimo, e solene, "está encerrada esta cerimônia".
Fonte: Folha de São Paulo
Andre Borges/Folhapress

Um comentário:

lademir filippin disse...

grato amigo,
www.filippincerimonial.com.br

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