sexta-feira, 28 de março de 2014

Será real a história da estudante queniana que teria afirmado que infectou 324 homens com o vírus HIV por vingança de ter contraído AIDS de um colega?

Será real a história da estudante queniana que teria afirmado que infectou 324 homens com o vírus HIV por vingança de ter contraído AIDS de um colega?
A notícia começou a se espalhar pela web na primeira semana de março de 2014 e conta a história de uma jovem de 19 anos, estudante da Universidade Karabak, em Naruku (Quênia), que teria afirmado em entrevista que 3 meses após ter sido embriagada (e feito sexo contra a sua vontade com um homem chamado Juan) teria descoberto que havia sido contaminada com o vírus da AIDS.
Isso teria acontecido em 22 de setembro de 2013 e em novembro daquele mesmo ano, quando ela descobriu que era soropositivo, resolveu se vingar, infectando 324 homens (de dezembro de 2013 a fevereiro do ano seguinte) com o HIV. Sua meta, segundo o artigo, seria a de contaminar 2000 homens.
A matéria não cita o nome da moça, mas mostra a foto da moça abaixo:
Estudante queniana teria infectado 324 homens com o vírus do HIV. Será verdade? (foto: reprodução/Facebook)
Estudante queniana teria infectado 324 homens com o vírus do HIV. Será verdade? (foto: reprodução/Facebook)
Será que essa história é verdadeira ou falsa?
O estupro de jovens garotas é um fato lamentável que ainda ocorre em diversas partes do mundo, infelizmente! Casos como o dessa moça podem vir a ocorrer, com certeza. Agora, já a parte do texto que fala sobre vingança (que ela teria transado com 324 homens para infecta-los) não é verdadeira.
Para que uma moça consiga fazer sexo com 324 homens (156 seriam estudantes da sua universidade) em menos de 3 meses (do final de dezembro até o começo do mês de março), seria preciso levar cerca de 5 homens por noite (ou vários de cada vez) pra cama. Como o artigo não diz onde ela realizava a sua vingança, não temos como saber se isso é possível ou não.
No entanto, para nos ajudar na apuração dos fatos, encontramos um artigo publicado em um blog de um estudante da universidade citada onde ele diz que é impossível que a tal moça sedenta por vingança conseguisse ter relações sexuais dentro da instituição, pois na Universidade Kabarak os homens são separados das mulheres nos campi.
O aluno também diz em seu artigo que não conhece nenhum colega chamado “Juan”. De acordo com o rapaz (que está no último semestre do terceiro ano), a universidade é pequena e todos se conhecem.
Se houvesse algum Juan na universidade, certamente eu o conheceria.”, diz o estudante.

Origens

Quem publicou essa notícia pela primeira vez foi a página Kenia Scandals, no Facebook. A postagem feita no dia 4 de março de 2013 foi imediatamente copiada pelo Kenyan Post, um site especializado em fofocas. A partir daí, vários sites e blogs começaram a republicar a mesma história, sem questionar a veracidade do ocorrido. O boato dessa aluna é derivado de um caso inventado por outra moça (que veremos nos próximos parágrafos).
A foto da garota que aparece na matéria é usada em outras matérias do Kenyan Post como, por exemplo, essa “notícia” publicada em junho de 2013 no mesmo site, onde afirmam que uma jovem chamada Selly teria divulgado uma lista de pessoas publicas com quem ela teria transado. Em outra notícia, de novembro de 2012, a mesma foto é usada para ilustrar um texto a respeito de mulheres que gostam de beber bebidas alcoólicas.
Parece que essa foto de uma moça de vestido preto e deitada em uma cama é um tipo de curinga e é usado em matérias envolvendo conteúdo sexual ou de bebidas…

Boato desmentido

No dia 09 de março, a mesma página que havia iniciado o boato fez outra publicação se desculpando pela notícia falsa. No texto, os administradores da fanpage explicam que uma garota chamada Vanessa Chettle teria assumido a autoria do boato e que tinha inventado tudo aquilo só para chamar atenção para si.
A Kenya Scandals ainda chama a atenção dos inúmeros blogueiros e editores de sites de notícias que apenas copiaram a matéria sem checar as fontes.
A história da Vanessa Chettle inspirou o surgimento de outros boatos envolvendo seu nome. Para se precaver, a estudante gravou um vídeo mostrando o resultado de seus exames provando que não está contaminada com o HIV:

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