O estudante de direito Pedro Cordeiro Moreira Dias, 19, que há dois anos estagiava no Fórum, furtou a primeira arma no cofre em setembro de 2015
Com cargos de confiança e conhecimento em investigações, um estagiário e um policial militar foram presos depois de roubarem 26 armas do cofre da 7ª Vara Criminal do Fórum de Vila Velha. Após revenderem as armas para criminosos, eles ostentavam o dinheiro em festas e compras.
Segundo o Superintendente de Polícia Técnico-Científica, Danilo Bahiense, o estudante de Direito Pedro Cordeiro Moreira Dias, 19 anos, que há dois anos estagiava no fórum, furtou a primeira arma no cofre em setembro de 2015.
“Ele entrou na sala do assessor do juiz, onde ficam os dois cofres com revólveres e pistolas de vários calibres, aproveitou a cartucheira que usava e guardou uma pistola. Trabalhou o dia todo com a arma e, à noite, na faculdade, mostrou ao colega de classe e policial militar Rhayner Ribeiro Santos, 20, que está na PM há dois anos”, contou Bahiense.
O estagiário contou que pretendia vender a pistola por R$ 1 mil. Mas o PM disse que a arma valia R$ 5 mil, o que despertou a ganância de Pedro.
O policial foi o responsável por fazer a venda a criminosos e os dois dividiram o dinheiro. A partir de então, segundo o delegado, o estagiário passou a fazer novos furtos.
Segundo o depoimento do estagiário, na segunda ação ele pegou três ou quatro armas, não sabendo dizer a quantidade exata.
Para revender as armas com mais facilidade, os dois contaram com a ajuda de um amigo em comum: o auxiliar de marcenaria Amerique Lino Ferreira Junior, 20. “Em novembro, o juiz percebeu que estava faltando armas no cofre, mas ele não conseguiu calcular a quantidade porque Pedro destruiu o livro de registro de armas”.
Chamou atenção da polícia o fato de Pedro ganhar R$ 600 e ter comprado à vista um Peugeot que pertencia ao PM no valor de R$ 23 mil. Ele conseguiu o dinheiro roubando e vendendo 12 armas de uma única vez.
Orientados por advogados, inicialmente o policial e o estagiário não assumiram os roubos. Mas o delegado pediu a prisão preventiva dos três acusados, que após passarem um mês na cadeia, assumiram todo o esquema.
Foram furtados revólveres calibre 38 e pistolas calibre 380, 765, ponto 40 e 9 milímetros. Os acusados estão em prisão temporária. Apenas quatro armas foram recuperadas.
Pena pode passar de 40 anos
Após ter assumido que furtou 26 armas de dentro do cofre da 7ª Vara Criminal do Fórum de Vila Velha, o estagiário Pedro Cordeiro Moreira Dias, 19, disse que agiu porque pensou que “não ia dar nada” e ele responderia apenas por furto. Mas tanto ele quanto o PM, de 20, poderão pegar até 40 anos de prisão. Dentre os crimes, há até um falso registro de ocorrência após o policial balear a própria mão com uma das armas roubadas, em novembro.
De acordo como Superintendente de Polícia Técnico-Científica, Danilo Bahiense, Pedro vai responder por formação de quadrilha, subtração de documento – pois sumiu com o livro de registro de armas, peculato – por se aproveitar de cargo de confiança, comércio ilegal de armas, corrupção de menores -duas das armas recuperadas estavam com menores, e associação ao tráfico, já que com o dinheiro das armas ele comprou um quilo de crack para revender.
O PM Rhayner Ribeiro Santos, 20, vai responder por formação de quadrilha, peculato, comércio ilegal de armas, corrupção de menores, além de falsidade ideológica e falsa comunicação de crime.
“Em novembro, enquanto mexia em uma das armas furtadas, na casa de Pedro, Rhayner deu um tiro na própria mão, acidentalmente. Ele teve que ser hospitalizado e fez um falso boletim de ocorrência, o que é crime, dizendo que sofreu uma tentativa de latrocínio”.
Já o auxiliar de marcenaria Amerique Lino Ferreira Junior, 20, vai responder por formação de quadrilha, receptação, comércio ilegal de armas e corrupção de menores. “Pedro pode pegar 43 anos de prisão e o PM, 40”.
Ostentação em festas deu pistas
O conhecimento em investigações ajudou o estagiário Pedro Cordeiro Moreira Dias, 19, e o policial militar Rhayner Ribeiro Santos, 20, a dificultarem as investigações da polícia sobre o roubo das 26 armas do cofre da 7ª Vara Criminal do Fórum de Vila Velha. Mas a ostentação dos dois em festas e compras denunciou que eles tinham uma segunda renda suspeita.
De acordo com o Superintendente de Polícia Técnico-Científica, Danilo Bahiense, assim que encontrou o estagiário Pedro pela primeira vez, o universitário disse que ia crescer na carreira.
“Ele falou que um dia estaria sentado no meu lugar, pois seria delegado. Em um segundo depoimento ele disse que eu teria que investigar a todos no Fórum, desde o faxineiro ao juiz, pois todos eram suspeitos”.
Bahiense completou, que por entenderem de investigações, os estudantes de Direito nunca conversavam por telefone, temendo que fossem grampeados.
“Mas em contrapartida pecaram ao ostentarem pagando camarotes em festas, carro à vista e bancando amigos”, disse.
Informações: Gazeta On Line Fotos: Divulgação – Polícia Civil
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