segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Em Itaperuna, psicóloga cria grupo de apoio à família do paciente com Transtorno Bipolar

ITAPERUNA, RJ – Ultimamente, questões referentes ao Transtorno Bipolar (TB) tem ganhado destaque na mídia, principalmente pelo fato de a novela da Rede Globo, ‘A Regra do Jogo’, abordar o tema, através da personagem interpretada pela atriz Bárbara Paz, Nelita, que é considerada bipolar.
A psicóloga Débora Fernandes, também psicanalista e analista comportamental, acredita que este é o momento oportuno para falar sobre o assunto e disseminar informações de qualidade sobre a questão.
– Eu não acompanho novelas, mas, como o assunto é de meu interesse, devido à prática clínica, assisti a algumas cenas no Youtube. A Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos, bem como a Associação Brasileira de Psiquiatria, já fizeram algumas críticas sobre a novela, dizendo que não condiz muito bem com a realidade. Prefiro não entrar nesse mérito e sim aproveitar a oportunidade, para dar minha parcela de contribuição sobre TB – diz a psicóloga.
De acordo com a especialista, o TB, também conhecido como Transtorno do Humor Bipolar ou Transtorno Afetivo Bipolar é uma doença crônica, caracterizada por episódios de depressão e mania (ou hipomania), podendo apresentar ou não, sintomas psicóticos.
– O paciente, uma vez diagnosticado com o TB, vai necessitar de tratamento farmacoterápico e psicoterápico ao longo da vida.  Um dado relevante a ser informado é que hoje, 1% da população geral pode apresentar os sintomas da forma mais grave da doença Tipo I e mais 3% pode apresentar sintomas do TB Tipo II, ou seja 4% da população brasileira pode sofrer de TB. O paciente pode sim ter uma qualidade de vida, mas, precisa fazer uso contínuo de medicação e ter acompanhamento especializado – informa Débora.
SINTOMAS
A doença, que possui difícil diagnóstico, pode ser confundida com Depressão, podendo apresentar sintomas de mania, como também, sintomas depressivos.
– Realmente, é uma doença de difícil diagnóstico. Às vezes aparecem sintomas depressivos, tristeza, falta de energia, de prazer, pessimismo, pensamentos negativos, diminuição da libido, medo, insegurança, ideia de fracasso e até de suicídio. Na ânsia de tratar a depressão, corre-se o risco de não perceber os sintomas do TB. Já os sintomas de mania, que é uma energização, podemos destacar a hiperatividade, impulsividade, diminuição da necessidade de sono, vontade de gastar, comprar, aumento do interesse sexual, aumento no consumo de álcool e drogas, dentre outros. Como disse, às vezes o foco é sobre a depressão e não se dá a devida atenção aos outros sintomas – reforça.
ESTEREÓTIPOS E PRECONCEITO
Débora alerta sobre a importância de se difundir uma informação correta sobre o TB, a fim de se evitar estereótipos e preconceito.
– O transtorno mental sempre foi alvo de preconceito e discriminação. Divulgar uma informação correta e precisa se faz necessário, para que as pessoas percebam que é uma doença presente na sociedade e de desagradáveis consequências se não diagnosticada e tratada adequadamente. Nosso papel é ajudar a diminuir o preconceito e mostrar que é possível sim, que esse paciente tenha qualidade de vida. É um paciente, assim como todos, que precisa ser compreendido e para que isso aconteça é preciso informação – afirma.
A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA
A psicóloga ressaltou a importância da família em todas as etapas na vida de um paciente bipolar, desde o diagnóstico à convivência no dia a dia.
– A família possui um papel fundamental na vida do paciente com transtorno bipolar, inclusive, é a família que possui uma importante gama de informação, que nos auxilia a chegar ao diagnóstico. As características principais para se chegar a um diagnóstico de TB são os episódios, que podem acontecer em intervalos de anos, meses, semanas ou até mesmo dias. A pessoa que convive com o paciente, ajuda a fornecer ao especialista as informações, para que ele possa chegar ao diagnóstico correto – explica.
Dependendo do estágio em que o paciente se encontra, é comum ele – paciente – considerar que não possui nenhum tipo de problema.
– É importante que a família saiba lidar também com esse tipo de comportamento. Segundo a Dra. Doris Hupfer Moreno, psiquiatra da FMUSP, o fator hereditário corresponde de 80% a 85% dos casos de TB e depende também de uma interação ambiental, podendo ser desencadeado por um fator estressor, como por exemplo, a perda de emprego, perda de uma pessoa importante, traumas, ou qualquer tipo de estresse muito grave – complementa Débora.
Durante o tratamento os medicamentos usados são antidepressivos, estabilizadores de humor e se necessário, antipsicóticos, a critério médico. Além é claro, de constante acompanhamento de especialista adequado, neste caso, o psiquiatra e o psicólogo.
GRUPO DE APOIO À FAMÍLIA DO PACIENTE COM TRANSTORNO BIPOLAR
A ideia de se criar um grupo de apoio à família do paciente com Transtorno Bipolar, surgiu da necessidade de atender e auxiliar os familiares a lidar com os pacientes.
– Ainda falta informação sobre TB e não podemos perder tempo. É muito importante que todos possam refletir sobre o tema e ajudar naquilo que for possível. O objetivo do grupo é a psicoeducação, que consiste no apoio e no compartilhamento de informação para dar a conhecer a doença, identificar situação de risco e aliviar o sofrimento do familiar e do paciente. O papel do grupo é conscientizar, ajudar na identificação do sintoma e entender a melhor forma de lidar com o paciente – diz.
O grupo se reúne mensalmente e já tem demonstrado bons resultados. A especialista, que também ministra palestras em Itaperuna e região, disse que é comum ao final de suas apresentações, ser procurada por pessoas em busca de informação sobre TB e outros temas.
– Percebemos que a falta de informação é muito grande. O grupo de apoio à família do paciente com Transtorno Bipolar tem cumprido o seu papel, mas, precisamos avançar. É preciso ampliar a discussão em torno do tema, precisamos somar forças. Especialistas, sociedade civil organizada, mídia, poderes constituídos, todos nós devemos buscar mecanismos na difusão da informação sobre TB e dar uma parcela de contribuição – finaliza.
Ao final da entrevista, a psicóloga Débora Fernandes apresentou um dado alarmante. De acordo com o Dr. Beny Lafer, o TB é a doença mental mais associada ao suicídio, acometendo aproximadamente 19% dos casos não tratados. Outras informações sobre Transtorno Bipolar podem ser obtidas diretamente com a psicóloga, através dos seguintes contatos: deborafernandespsi@hotmail.com | (22) 3822-9696 | 9 9756-7151.
Informação: Eusébio Dornellas/Agência Comuniqque | www.comuniqque.com

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